Conteúdo do curso
Módulo 1 – Ver antes de desenhar
Antes de mover o lápis, é preciso educar o olhar. Este módulo convida os participantes a desacelerar e observar com atenção — percebendo formas, proporções, ritmos e relações espaciais. Aprender a ver é o primeiro passo para desenhar com consciência e sensibilidade.
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Módulo 2 – Forma, luz e volume
O desenho ganha profundidade quando compreendemos como a luz modela as formas. Aqui, introduzimos fundamentos de sombreamento, contrastes e gradações tonais para revelar o volume dos objetos e a atmosfera da cena. A tridimensionalidade emerge do jogo entre claro e escuro.
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Módulo 3 – Linhas que descobrem o mundo
A linha é o gesto primeiro que dá forma ao invisível. Neste módulo, exploramos as diferentes qualidades da linha — suas intensidades, direções e expressividades — como meio de investigação e construção do desenho. A linha deixa de ser contorno e se torna caminho.
Módulo 4 – Poética do olhar
Mais do que representar o mundo, o desenho também é forma de interpretá-lo. Neste módulo final, refletimos sobre a subjetividade do olhar e incentivamos abordagens autorais. O foco é integrar técnica e expressão, transformando o desenho em linguagem pessoal e poética.
O Ritual do Desenho

Desenhar não é só copiar o que se vê — é aprender a enxergar de uma nova forma. Neste tutorial, você vai aprender a usar a geometria para representar o mundo tridimensional sobre uma superfície plana.

Mude seu Olhar: Veja Formas, Não Coisas

Lembra quando aprendemos a não nomear o que desenhamos? Pois é, aqui a ideia é a mesma: pare de ver os objetos como coisas com nome (uma xícara, uma árvore, um corpo) e comece a enxergá-los como formas geométricas combinadas.

O Cilindro, a Esfera, o Cone…

Paul Cézanne foi conhecido por ter desenvolvido uma abordagem pictórica que reduzia o mundo visível a formas geométricas básicas, como o cilindro, a esfera e o cone. Numa carta para seu amigo Émile Bernard, datada de 15 de abril de 1904, Cézanne afirmou: “Trate a natureza através do cilindro, da esfera e do cone, colocando tudo em perspectiva.”

A famosa frase de Cézanne expressa sua busca por uma estrutura sólida por trás da aparência das coisas, indo além da representação impressionista da luz passageira e das impressões momentâneas. Seu objetivo era dar permanência e ordem à pintura, revelando a essência formal dos objetos e da paisagem por meio de formas geométricas fundamentais.

Essa maneira de simplificar e estruturar a realidade teve um impacto decisivo no nascimento do cubismo, influenciando diretamente artistas como Pablo Picasso e Georges Braque. Eles aprofundaram essa abordagem, decompondo o mundo visível em volumes básicos e criando uma nova forma de ver e representar o espaço.

Inspirado por essa experiência de Cézanne, quero convidar vocês a treinar o olhar para identificar formas básicas em tudo ao seu redor. Ao reduzir os objetos a esferas, cubos, cilindros e cones, você facilitará a compreensão de suas estruturas e aprenderá como a luz interage com cada uma dessas formas. Como afirma Bert Dodson (1985, p. 137), essas são as “configurações fundamentais das quais toda a natureza é composta”.

Comece, então, a enxergar os objetos como coleções de retângulos, elipses e volumes simples. Até mesmo a figura humana pode ser representada por formas geométricas básicas, como blocos retangulares ou cunhas, o que ajudará você a construir proporções corretas e posições mais precisas no desenho.